quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Bem-Aventurados os que se aventuram

Por Jânsen Leiros Jr.

Revisado e ampliado em 03/06/2024

 3Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. 4Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. 5Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. 6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. 7Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. 8Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. 9Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. 10Bem-aventurados os que têm sido perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós, por minha causa. 12Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que existiram antes de vós. "

                      Mateus 5:3-12 - TB

 É comum a literatura sapiencial se utilizar da expressão bem-aventurado, significando positivamente o estado em que tal pessoa se encontrará na sequência daquilo que vivencia no instante presente, ou daquilo que pratica naturalmente no exercício de sua vida cotidiana.


 1 Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2 Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. 3 Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará.

4 Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha. 5 Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. 6 Porque o Senhor conhece o caminho dos justos; mas o caminho dos ímpios perecerá."

                      Salmos 1:1-6 - RC

Há diversos outros exemplos bíblicos, cuja lista colocaremos ao final desse artigo. Mas esse texto de Salmos permite conciliar todos os apontamentos e paralelos da expressão, sem que seja necessário utilizarmos outros textos em apoio.

Bem-Aventurados ou felizes, é a tradução mais adequada, no português, para a palavra grega Makarios, utilizada no início de cada uma das sentenças proferidas por Jesus. Makarios, porém, traz implícitos alguns sentidos etimológicos que nosso idioma e cultura não comportam, mas cujas ideias permitem que nossa aventura pelas bem-aventuranças seja mais empolgante e plena de possibilidades.

Não podemos esquecer que o grego é o idioma de uma nação extremamente religiosa e detentora de uma mitológica severa no sentido de atribuir, como expressão do pensamento humano, um significado que transcenda muito além do material. Cada expressão, portanto, sempre busca um contexto mais profundo e preciso, do que o que se apresenta no mundo aparente. Assim, Makarios pode ser entendido como felizes, mas não uma felicidade momentânea ou circunstante.  Antes tende a significar uma felicidade livre do peso do cotidiano, ou livre da vaidade humana, ou ainda livre do domínio das circunstâncias da vida. Uma felicidade, que, portanto, não retrocede porque aponta para a perenidade. Ora, se aponta para o sempre, logo está considerando que quem está livre do peso do cotidiano, bem como do domínio das circunstâncias da vida, só pode, por impossibilidade do contrário, estar morto. Ou seja, a felicidade das bem-aventuranças somente será possível ser vivenciada, quando a morte for uma realidade[1].

Tomando-se por correta a exposição acima, bem-aventurado é uma expressão que pode referir-se tanto a uma condição futura que será atingida em sequência à presente existência, ou a um estado de morte já experimentada em vida, pois no contexto do evangelho, morremos com Cristo. Não estamos mais sujeitos ao domínio das circunstâncias da vida ou das solicitudes de nossa existência cotidiana. Estamos livres das vaidades das coisas, pois conhecendo a Verdade[2], ela nos libertará.

Ora, é por isso mesmo que o salmista chama de bem-aventurado aquele que não se deixa levar pelos seus circunstantes, mas em vez disso se envolve e se dedica ao conhecimento de Deus e de sua justiça. As coisas envolvidas com essa vida já não têm para ele um apelo de urgência ou primazia. São como a palha que o vento carrega, coisa leve e sem importância, rejeitada quando nos ocupamos em reter apenas o que essencialmente importa. Apenas o que é relevante.

É importante notar, no entanto, que tanto o salmista quanto Jesus chama de bem-aventurado, adjetivando o indivíduo que vivencia determinada realidade, e não pelo que ele pratica ou pela forma com que vive. Bem-Aventurado é pelo que lhe será dado, ou permitido por consequência. Ou seja, ninguém é bem-aventurado por ser humilde de espírito, mas sim porque deles é o reino dos céus. Bem como o bem-aventurado do salmista não o é porque medita na lei do Senhor, mas antes porque será como árvore plantada junto ao rio que dará muitos frutos. A bem-aventurança, portanto, adjetiva a condição final e não o estado intermediário que leva àquela, pois este estado intermediário nem sempre será confortável ou interessante como modelo de vida. Ou alguém considera prazeroso, apenas por exemplo, ser perseguido, injustiçado ou caluniado?[3]

De certa forma, as bem-aventuranças como proferidas por Jesus, e aí diferentemente do salmista, elenca não uma lista de atitudes que seus discípulos devem exercitar para um determinado objetivo, mas sim características percebidas naqueles que já não estão sob o domínio do peso do cotidiano, mas que estarão mortos com ele, Jesus[4]; os humildes de espírito, os chorosos, os mansos, os famintos e sedentos por justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores, os perseguidos, os caluniados e também os injustiçados.

É importante ressaltar, como já dissemos anteriormente, que o Sermão da Montanha é o primeiro discurso de desconstrução do modelo de vida elaborado pelos judeus, que tinham na prosperidade social e financeira sua meta primordial, não muito distantes do orgulho cultural, religioso e nacional. Tudo o que fosse socialmente entendido como desfavorável, jamais poderia ser aceito como benéfico ou procedente, capaz de traduzir no tempo uma vantagem ou recompensa positiva vindoura[5]. E é exatamente por isso que Jesus inicia o discurso com as bem-aventuranças. No seu Reino, tudo seria diferente e porque não dizer, o contrário. Vida, recompensa da morte[6].

As bem-aventuranças, portanto, apontam para o restante do sermão. Elas o introduzem, criando a sustentação para o conceito de aprofundamento da justiça, que deve exceder à formalidade legalista e aparente dos escribas e fariseus. Só sendo manso é possível entregar a capa ao que a toma de você, e ainda lhe oferecer também a túnica. Bem como oferecer uma face quando a outra já está vermelha e ardendo por uma agressão, só é possível a quem é misericordioso e humilde de espírito. Só sendo um pacificador, é possível calar diante de calúnias e injustiças, que por si só já legitimariam qualquer reação loquaz, agressiva ou mesmo de defesa da honra.

Bem-Aventurados somos, portanto, por vivermos a melhor e mais completa de todas as aventuras. A aventura de termos corações transformados. De vivermos mortos, porém cheios de vida abundante. De termos por promessa uma existência repleta de tudo aquilo que hoje nos é carência e escassez. Usando o que não nos pertence e andando por terras estrangeiras em que somos peregrinos[7].

Vivendo em marcha, o aqui e agora, vivemos na esperança do ali e depois. Somos convictos do que não vemos, esperando contra a esperança, pois nosso é o Reino dos Céus. Em Deus somos sempre, vivo ou mortos, bem-aventurados.



[1] Para uma avaliação mais específica sobre o que cada um desses estudiosos e referências afirma em relação às suas declarações, fornecemos um resumo baseado em seus escritos sobre temas relacionados. Abaixo, um detalhamento mais específico de como cada um deles pode apoiar ou contextualizar suas afirmações:

1.       William Barclay:

o    Barclay, em sua série The Daily Study Bible, especialmente nos volumes sobre Mateus, explora o significado de "makarios". Ele destaca que a palavra traduzida como "bem-aventurado" ou "feliz" no Sermão da Montanha implica uma felicidade profunda e duradoura, que transcende as circunstâncias materiais e temporais. Barclay enfatiza que esta felicidade está enraizada em um relacionamento com Deus e na realização do propósito divino.

2.       Joachim Jeremias:

o    Jeremias, em The Sermon on the Mount, discute o uso das bem-aventuranças no contexto da pregação de Jesus. Ele aponta que "makarios" se refere a uma bem-aventurança que vai além da mera felicidade terrena, indicando um estado de graça e bênção divina que perdura, independentemente das adversidades da vida.

3.       Kittel, Gerhard (editor):

o    No Theological Dictionary of the New Testament (TDNT), o termo "makarios" é analisado profundamente. Kittel e outros contribuintes argumentam que "makarios" denota uma condição de bem-estar que é mais espiritual do que material, sugerindo uma felicidade associada à proximidade com Deus e à participação no reino dos céus. Este entendimento apoia sua interpretação de uma felicidade que transcende as circunstâncias da vida.

4.       N.T. Wright:

o    Em Jesus and the Victory of God, Wright discute as bem-aventuranças como parte do anúncio do Reino de Deus por Jesus. Ele argumenta que essas declarações não se referem apenas a um futuro distante, mas a uma realidade presente e transformadora. Wright sugere que a felicidade mencionada por Jesus é uma participação na nova ordem de Deus, livre das pressões e vaidades do mundo presente.

5.       David E. Aune:

o    No Westminster Dictionary of New Testament and Early Christian Literature and Rhetoric, Aune discute a profundidade das palavras gregas no Novo Testamento, incluindo "makarios". Ele destaca que o termo implica uma bênção que é mais do que uma sensação momentânea, mas uma condição contínua e espiritual de bem-estar.

6.       Martin Hengel:

o    Em Judaism and Hellenism, Hengel examina a influência da cultura grega na Palestina do primeiro século. Ele argumenta que muitos termos gregos, incluindo "makarios", foram adotados com significados que transcendem o material, refletindo uma visão espiritual e filosófica da vida que é consistente com a sua análise da bem-aventurança.

7.       Bauer, Walter:

o    A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature (BDAG) é uma referência padrão que oferece definições detalhadas de "makarios". Bauer destaca que o termo é frequentemente usado para descrever um estado abençoado e feliz que é independente das circunstâncias externas, reforçando sua argumentação sobre a felicidade transcendente.

8.       Craig S. Keener:

o    Em A Commentary on the Gospel of Matthew, Keener discute como as bem-aventuranças de Jesus desafiam as noções contemporâneas de felicidade e sucesso. Ele enfatiza que a felicidade descrita por Jesus é espiritual e enraizada em uma relação com Deus, o que apoia sua interpretação de "makarios" como uma felicidade que transcende as pressões do cotidiano.

9.       Eugene Peterson:

o    Na paráfrase The Message, Peterson tenta capturar o espírito das bem-aventuranças em linguagem contemporânea, enfatizando a natureza profunda e duradoura da felicidade mencionada por Jesus. Ele sugere que esta bem-aventurança é uma condição de estar em harmonia com os propósitos divinos, livre das preocupações mundanas.

10.    Jonathan T. Pennington:

o    Em The Sermon on the Mount and Human Flourishing: A Theological Commentary, Pennington argumenta que as bem-aventuranças descrevem um estado de bem-aventurança que é mais do que uma sensação passageira de felicidade. Ele vê "makarios" como uma condição abençoada e realizada que vem da vivência dos valores do Reino de Deus.

[2]  João 8:32

[3]  Mateus 5:10 e 11

[4]  Romanos 8:16-17; Mateus 16:24-25

[5] Para o trecho que analisa o Sermão da Montanha como uma desconstrução do modelo de vida judaico centrado na prosperidade social e financeira, e o contraste com as bem-aventuranças, algumas referências literárias e de especialistas podem ser particularmente úteis.

1.       John Stott:

o    Em The Message of the Sermon on the Mount, Stott argumenta que o Sermão da Montanha representa uma inversão radical dos valores sociais e religiosos da época. Ele destaca que Jesus desafia a busca pela prosperidade material e o orgulho nacionalista, propondo um reino baseado em valores espirituais e humildade.

2.       N.T. Wright:

o    Wright, em Jesus and the Victory of God, discute como o ministério de Jesus, incluindo o Sermão da Montanha, confronta e subverte as expectativas messiânicas e sociais dos judeus do primeiro século. Ele sugere que Jesus propõe um reino que valoriza os marginalizados e subverte as estruturas de poder e riqueza.

3.       Scot McKnight:

o    Em The Sermon on the Mount, McKnight destaca que o discurso de Jesus contraria diretamente as aspirações dos judeus por prosperidade e poder. Ele argumenta que Jesus oferece uma visão de bem-aventurança que valoriza a justiça, a misericórdia e a humildade, em oposição à riqueza e status social.

4.       David Flusser:

o    Flusser, em Jesus, apresenta Jesus como um reformador radical que desafia as normas sociais e religiosas de seu tempo. Ele argumenta que o Sermão da Montanha é uma crítica direta à ênfase judaica na prosperidade material e na pureza ritual, promovendo um reino onde os pobres e os humildes são bem-aventurados.

5.       Dale C. Allison Jr.:

o    Em The Sermon on the Mount: Inspiring the Moral Imagination, Allison sugere que o Sermão da Montanha visa reconfigurar a compreensão dos discípulos sobre o que significa ser abençoado. Ele argumenta que Jesus redefine a prosperidade e a bênção em termos espirituais, em vez de materiais.

6.       Richard Bauckham:

o    Bauckham, em Jesus and the Eyewitnesses, discute como Jesus frequentemente desafia as expectativas culturais e religiosas de seu tempo. Ele sugere que o Sermão da Montanha é um exemplo claro de como Jesus subverte os valores contemporâneos, propondo uma visão de bem-aventurança baseada na justiça e na misericórdia.

7.       Craig S. Keener:

o    Keener, em A Commentary on the Gospel of Matthew, argumenta que as bem-aventuranças representam uma inversão dos valores comuns, incluindo a prosperidade material e o status social. Ele sugere que Jesus promove uma ética de humildade e serviço, contrastando com as aspirações de riqueza e poder.

8.       E.P. Sanders:

o    Em Jesus and Judaism, Sanders examina como Jesus desafia as expectativas messiânicas e sociais dos judeus de sua época. Ele sugere que o Sermão da Montanha oferece uma visão alternativa de prosperidade e bênção, centrada em valores espirituais e éticos.

9.       Amy-Jill Levine:

o    Levine, em The Misunderstood Jew, discute como Jesus frequentemente confronta as normas sociais e religiosas de seu tempo. Ela sugere que o Sermão da Montanha redefine a bem-aventurança e a prosperidade em termos de justiça e compaixão, em vez de riqueza e status.

10.    Jonathan T. Pennington:

o    Em The Sermon on the Mount and Human Flourishing, Pennington argumenta que Jesus, no Sermão da Montanha, redefine o que significa prosperar. Ele sugere que as bem-aventuranças apontam para um tipo de bem-aventurança que é espiritual e ética, contrastando com a prosperidade material e social.

[6] O trecho "Vida, recompensa da morte" sugere uma inversão dos valores tradicionais, onde a verdadeira vida é encontrada através da morte, particularmente a morte espiritual e a auto-negação. Alguns teólogos compartilham desse conceito, como abaixo:

1.       Dietrich Bonhoeffer:

o    Em The Cost of Discipleship, Bonhoeffer argumenta que seguir Cristo implica em "morrer" para o eu e para os desejos mundanos. Ele diz que a verdadeira vida em Cristo é alcançada através da renúncia e do sofrimento, o que contrasta com a busca por conforto e prosperidade material.

2.       N.T. Wright:

o    Em Surprised by Hope, Wright discute a teologia da ressurreição e como a vida eterna é uma realidade que transcende a morte física. Ele argumenta que a verdadeira vida, conforme ensinada por Jesus, é encontrada na ressurreição e na nova criação, implicando que a morte não é o fim, mas o começo de uma existência plena e verdadeira.

3.       Paul Tillich:

o    Em The Courage to Be, Tillich explora a ideia de que a verdadeira vida exige a coragem de enfrentar a morte, tanto literal quanto figurativamente. Ele sugere que a auto-negação e a aceitação da própria finitude são necessárias para experimentar a plenitude da vida.

4.       John Stott:

o    Em The Cross of Christ, Stott explica que a vida cristã autêntica é caracterizada pela crucificação do eu. Ele argumenta que a morte de Jesus na cruz é o paradigma para a vida do cristão, onde a verdadeira vida é vivida através da morte para o pecado e a auto-suficiência.

5.       C.S. Lewis:

o    Em Mere Christianity, Lewis discute a ideia de "morrer" para o eu como um caminho para a verdadeira vida. Ele explica que a auto-entrega e a submissão a Deus são paradoxalmente a forma de encontrar a verdadeira identidade e vida.

6.       Richard Bauckham:

o    Em Jesus and the God of Israel, Bauckham analisa a teologia da crucificação e ressurreição de Jesus, destacando como a morte de Jesus é o meio pelo qual a verdadeira vida é oferecida aos seus seguidores. Ele sugere que a morte de Cristo inaugura uma nova realidade de vida eterna para os crentes.

7.       Henri Nouwen:

o    Em The Return of the Prodigal Son, Nouwen fala sobre a necessidade de morrer para o eu para experimentar a reconciliação e a vida abundante em Deus. Ele enfatiza a transformação espiritual que ocorre quando se renuncia às próprias vontades em favor da vontade de Deus.

8.       Jürgen Moltmann:

o    Em Theology of Hope, Moltmann explora a relação entre morte e esperança. Ele argumenta que a ressurreição de Cristo oferece uma nova vida que só pode ser compreendida à luz da morte. A morte é vista como um portal para a verdadeira vida, conforme prometido no evangelho.

9.       Michael Green:

o    Em The Meaning of Salvation, Green discute como a salvação cristã envolve a morte para o pecado e a velha natureza, conduzindo a uma nova vida em Cristo. Ele argumenta que a vida cristã é marcada por essa contínua morte e ressurreição espiritual.

10.    Dallas Willard:

o    Em The Divine Conspiracy, Willard fala sobre a necessidade de morrer para si mesmo a fim de viver a vida do Reino de Deus. Ele sugere que a verdadeira vida é encontrada na entrega total a Deus, o que implica uma morte espiritual do ego e das ambições mundanas.

[7]  1 Pedro 2:11

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